Microsseguros recebem adesão crescente de segurados de baixa renda
Planos contemplam riscos pessoais e danos materiais com preços e coberturas diferenciados para atingir um público antes excluído do mercado. Por: Vagner Ricardo
Os números não deixam dúvidas: os microsseguros caíram no gosto popular. Divididos em duas modalidades (riscos pessoais e danos), os produtos da carteira dão um salto a cada nova atualização. Na linha de coberturas pessoais, os prêmios diretos alcançaram R$ 682,6 milhões no primeiro semestre; e, na modalidade de danos, R$ 130,9 milhões.
Somados, geraram uma receita de R$ 813,5 milhões em seis meses, alta de 94,3% sobre o primeiro semestre de 2023. No mesmo período do ano passado, as receitas somaram R$ 418,6 milhões — R$ 296,3 milhões de microsseguros de pessoais e R$ 122,2 milhões na modalidade de danos, segundo dados da Susep.
Os microsseguros, também chamados de seguros inclusivos, atendem pessoas de baixa renda, microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte, oferecendo coberturas equivalentes aos produtos tradicionais para riscos pessoais e materiais. Só que com preços e limites de coberturas menores.
Além de preços acessíveis pelas coberturas contratadas — como por morte, invalidez, acidentes pessoas e danos a propriedade, por exemplo —, o processo de compra é simplificado (pode ser feito por telefone, internet ou pontos de venda físicos) e as formas de pagamentos são flexíveis (mensal, semestral e anual).
Para Edson Calheiros, presidente da Associação Nacional das Microsseguradoras e do CVG-RJ, o mercado de microsseguros (ou de seguros inclusivos) no Brasil, especialmente na modalidade de pessoas (como seguros de vida, acidentes pessoais e funeral, entre outros), tem experimentado crescimento significativo nos últimos anos. “Isso pode ser explicado por várias visões: econômicas, sociais e tecnológicas, incluindo-se aí um novo marco regulatório que deu mais clareza e incentivo ao desenvolvimento de produtos de microssseguros”, pondera.
A liquidação célere é outro incentivo à busca de proteção, podendo ser feita por meio remoto. O segurado ganha tempo para retomar a normalidade do negócio ou o rumo da vida. Os pedidos de indenizações somaram R$ 39 milhões no primeiro semestre desse ano — R$ 20,3 milhões de riscos pessoais e R$ 18,6 milhões de perdas materiais. As indenizações pagas até junho deste ano somam R$ 40,1 milhões, dos quais R$ 16,8 milhões em coberturas de pessoas e R$ 23,3 milhões, de perdas materiais.
Para ele, regulamentações favoráveis, clareza das informações ao público, uso de tecnologia e parcerias estratégicas entre seguradoras, corretores e canais alternativos de distribuição são fatores que tornam os microsseguros uma alternativa importante para a proteção financeira de milhões de brasileiros que, antes, estavam excluídos do mercado de seguros.