Casa do Seguro: posicionamento do setor na conferência do clima

Casa do Seguro: posicionamento do setor na conferência do clima

O objetivo é promover debates, trocas de experiências e fomentar parcerias estratégicas, durante a COP30, em Belém, em favor da inovação e do desenvolvimento sustentável no País.

Por: Vagner Ricardo : Fotos: Divulgação, Banco de Imagens

Em busca do merecido protagonismo do seguro nas discussões sobre mudanças climáticas promovidas pela Conferência das Nações Unidas sobre o tema (COP), a CNseg adotou uma postura inovadora para a edição do encontro no Brasil. A iniciativa consiste em buscar o reconhecimento internacional do setor, demonstrando como o seguro pode contribuir de maneira decisiva para a adaptação e mitigação dos impactos do clima. A estratégia culminará na COP30, que será realizada em Belém do Pará, em novembro, e terá como destaque a inauguração da Casa do Seguro.

 

A Casa do Seguro é um espaço multifuncional que reunirá autoridades governamentais, líderes do setor, agentes públicos, representantes da sociedade civil e especialistas em sustentabilidade. O objetivo é promover um ambiente de debate e troca de experiências sobre os desafios climáticos e o papel dos seguros na proteção de pessoas, bens e infraestrutura – além de fomentar parcerias estratégicas que possam impulsionar a inovação e o desenvolvimento sustentável no País.

 

Com uma área útil de 1,6 mil metros quadrados, a Casa do Seguro estará concluída até outubro, permitindo a realização de uma série de atividades durante a COP30. O espaço terá uma plenária para cem pessoas, seis salas de reunião, business lounge, estúdio de podcasts, sala de imprensa e área de convivência, além de espaços destinados a exposições artísticas e apresentações culturais. Os ambientes são projetados para estimular a interação entre os participantes, criando um cenário propício à troca de ideias e à implementação de novas soluções tecnológicas e sustentáveis.

 

O projeto da Casa do Seguro incorpora práticas sustentáveis de forma abrangente. Entre as certificações adotadas, destacam-se os selos “Evento Neutro” e “Resíduo Zero”, que evidenciam o compromisso da CNseg com a redução do impacto ambiental. A escolha por materiais de baixo impacto, associada ao consumo eficiente de energia, é um dos pilares dessa iniciativa, que se alinha às melhores práticas globais de sustentabilidade. A preocupação ambiental não só reforça a imagem da CNseg como uma entidade inovadora e responsável, mas também serve de exemplo para outros setores da economia.

 

“A Casa do Seguro será uma vitrine do papel do mercado segurador como facilitador de inovação e mitigador de riscos climáticos, reforçando o compromisso com o futuro do planeta”, diz Dyogo Oliveira, presidente da CNseg. Segundo ele, o mercado segurador é um agente-chave na transição para uma economia sustentável, pois sua expertise técnica e financeira possibilita a criação de mecanismos de proteção que reduzam os impactos dos desastres naturais e acelerem a recuperação das comunidades afetadas. Por isso, há três anos, temos levado nossa pauta às reuniões da COP e nos posicionado como ente importante do debate da transição e gostaríamos que os membros do Comitê contemplem o setor segurador como parte importante das soluções na carta final”.

 

Eixos temáticos

 

A programação da Casa do Seguro abordará sete eixos temáticos essenciais para a sustentabilidade e a consolidação do setor, com destaque para o de “Proteção Social e de Investimentos”, que visa ampliar a segurança financeira da população, principalmente diante de eventos extremos, e promover estratégias que protejam os cidadãos de riscos econômicos associados às mudanças climáticas. O eixo de “Finanças Sustentáveis” enfatiza modelos de financiamento e seguros voltados para projetos de impacto ambiental positivo, estimulando investimentos que contribuam para reduzir as emissões de carbono e o desenvolvimento de tecnologias limpas.

 

O de “Infraestrutura Resiliente” tratará das soluções necessárias para garantir que obras e serviços essenciais resistam a eventos climáticos severos. Daí porque a pauta de debates envolve temas como a construção de edificações adaptadas às novas realidades ambientais e a implementação de sistemas de transporte e logística que minimizem os riscos de interrupção dos serviços em situações emergenciais.

 

O eixo de “Inteligência Climática”, por sua vez, vai explorar o uso de tecnologias avançadas e da análise de dados para prever e mitigar riscos ambientais, permitindo uma resposta rápida e eficaz diante de desastres naturais.

 

O setor agropecuário, de extrema relevância para a economia brasileira, também terá seu espaço por meio do eixo “Seguros e Agronegócio”, que propõe expandir a proteção do agro, setor que responde por 25% do PIB nacional, mas que, historicamente, tem baixa taxa de proteção: apenas 6% da área plantada, o que deixa muitos produtores vulneráveis a perdas financeiras causadas por eventos climáticos. O objetivo desse tipo de seguro é ampliar as coberturas e garantir estabilidade econômica aos produtores rurais.

 

Outros dois eixos: “Seguros na Expansão da Frota Verde Brasileira” e “Seguros para o Desenvolvimento Industrial Sustentável” buscam incentivar a transição para transportes menos poluentes e promover práticas industriais alinhadas aos princípios da sustentabilidade. Tais discussões são fundamentais para que o setor segurador possa acompanhar e apoiar a transformação econômica do País, contribuindo para um cenário de crescimento sustentável e inclusão social.

 

Cooperação global

 

A iniciativa da CNseg também se destaca por promover o intercâmbio internacional, por meio de parcerias firmadas com entidades congêneres de outros países e a Federação Global das Associações de Seguros (GFIA), que congrega confederações de seguradoras do mundo inteiro. Essa cooperação global visa compartilhar experiências, práticas inovadoras e estratégias eficazes na mitigação dos riscos climáticos.

 

A troca de conhecimentos entre diferentes realidades e contextos internacionais pode alavancar, no mercado segurador brasileiro, a adoção de medidas de prevenção e recuperação que já demonstraram sucesso em outros países, reforçando a importância da abordagem colaborativa frente aos desafios ambientais.

 

A Casa do Seguro também representará um impacto social significativo para a região de Belém e o País como um todo. Ao promover painéis temáticos, fóruns multissetoriais e reuniões bilaterais, o espaço funcionará como um catalisador para o desenvolvimento de projetos e parcerias que beneficiem tanto o setor privado quanto a comunidade local. A inclusão e o uso de mão de obra local na construção e na operação do espaço são medidas que visam estimular o desenvolvimento socioeconômico, gerando empregos e fortalecendo a economia regional.

 

Estudos recentes destacam que a resiliência climática é um dos maiores desafios do século atual, assinalando que a integração dos setores público e privado e da sociedade civil é essencial para a formulação de políticas eficazes. As estatísticas mostram que desastres naturais, como enchentes, secas e tempestades, têm aumentado em frequência e intensidade, resultando em prejuízos econômicos e sociais expressivos. O setor de seguros é um instrumento vital para reduzir o impacto financeiro desses eventos, possibilitando uma resposta ágil e eficiente que reduz os efeitos devastadores sobre a população, lembram especialistas.

 

No cenário internacional, diversos países já vêm adotando práticas inovadoras que unem seguros e sustentabilidade. Japão e Alemanha, por exemplo, têm investido em tecnologias de monitoramento climático e sistemas de seguro que incentivam a prevenção e a mitigação de riscos ambientais. Essas iniciativas demonstram que a sinergia entre a tecnologia, as políticas públicas e o setor segurador pode resultar em soluções robustas para enfrentar os desafios climáticos e servem de inspiração para que o Brasil avance na implementação de medidas que garantam mais segurança e resiliência a todos os setores da economia.

 

Pesquisas & produtos

 

O mercado segurador nacional, por reconhecer a urgência de atuar frente aos desafios climáticos, tem investido em pesquisas e novos produtos que atendam às demandas emergentes. A criação de um banco de dados com informações detalhadas sobre desastres naturais é um dos exemplos citados por Dyogo Oliveira. O objetivo é mapear as áreas mais vulneráveis a riscos, permitindo a implementação de estratégias personalizadas que fortaleçam a infraestrutura e estimulem a oferta de seguros mais acessíveis. Além de contribuir para uma análise mais precisa dos riscos, a iniciativa pode ser utilizada para fundamentar políticas públicas que promovam segurança e estabilidade econômica.

 

Outro aspecto relevante é o desenvolvimento do Seguro Social de Catástrofe, um instrumento para a proteção das áreas de risco, que propõe a utilização de dados históricos e tecnologia avançada para identificar e monitorar regiões susceptíveis a desastres. A celeridade do socorro, garantida pela agilidade no repasse dos recursos por meio de sistemas como o Pix, é um diferencial que pode salvar vidas e minimizar danos estruturais.

 

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, demonstrou interesse nas propostas apresentadas pelo mercado, ressaltando que o governo está empenhado em criar um novo marco legal para emergências climáticas. Segundo ela, a integração entre o setor público e o mercado segurador é fundamental para que as respostas a desastres sejam mais eficientes e menos onerosas para o Estado. Essa articulação tem o potencial de transformar a maneira como o País lida com os impactos das mudanças climáticas, criando um ambiente propício para a implementação de soluções integradas e sustentáveis.

 

Do ponto de vista social, a Casa do Seguro representa um avanço significativo, pois alia inovação tecnológica e responsabilidade ambiental a uma forte atuação no desenvolvimento comunitário. O espaço também promoverá ações de educação ambiental e de conscientização sobre a importância da sustentabilidade. Estão previstas parcerias com organizações comunitárias e instituições educacionais para ampliar o alcance dos benefícios da iniciativa para além da COP30. Assim, a Casa do Seguro será um exemplo de como iniciativas privadas podem impulsionar a inovação e promover o bem-estar social.

 

Expertise técnica

 

Com sua expertise técnica, o setor pode atuar como parceiro estratégico do governo na formulação e execução de medidas preventivas e corretivas. Essa colaboração pode criar um cenário de proteção contra desastres naturais de forma integrada, envolvendo da prevenção à recuperação pós-desastre, o que reduziria os custos de reconstrução e os impactos sociais de eventos extremos.

 

Por fim, a iniciativa da CNseg demonstra uma visão de futuro alinhada às tendências globais de sustentabilidade e resiliência. A aposta em soluções inovadoras, que combinem tecnologia, cooperação internacional e compromisso social, posiciona o mercado segurador brasileiro como um protagonista na construção de um cenário mais seguro e sustentável.

 

A experiência acumulada por países que já implementaram práticas semelhantes serve de base para que o Brasil possa desenvolver políticas robustas e eficazes. Assim, a Casa do Seguro não só reforça o papel estratégico do setor, como abre caminho para uma transformação profunda na forma de a sociedade lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

 

A COP30 será uma oportunidade única para que os diferentes setores da sociedade se unam para construir um futuro mais resiliente e sustentável para todos. Iniciativas como a Casa do Seguro podem consolidar a posição do Brasil no cenário global e demonstrar que a inovação e a responsabilidade social caminham juntas na busca por soluções que protejam tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida das pessoas.

 

Casa do Seguro já conta com seis empresas empoderadoras

 

Allianz, AXA, Mapfre, Porto, Prudential e Tokio Marine são as primeiras empoderadoras da Casa do Seguro. As seis seguradoras não apenas apoiarão ou financiarão a iniciativa institucional da CNseg como também vão facilitar a conexão entre setores e participar ativamente dos debates da agenda climática.

Os empoderadores desempenharão um papel estratégico durante a COP30, ao impulsionar a integração do mercado segurador com a agenda ambiental, contribuindo para a inovação e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

Casa do Seguro é uma ação inédita no setor, com uma agenda robusta voltada para o papel do mercado na gestão de riscos climáticos e no financiamento de iniciativas sustentáveis.

 

COP30: esperanças e desafios se sobrepõem

 

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro, é o principal evento internacional no Brasil neste ano e vai reunir chefes de Estado, ministros, diplomatas, representantes da ONU, cientistas, líderes empresariais, ONGs, ativistas e outros integrantes da sociedade civil de mais de 190 países.

 

O objetivo da COP30 é alinhar compromissos de países desenvolvidos e em desenvolvimento com relação ao financiamento climático, para reduzir emissões de gases de efeito estufa e impactos socioeconômicos das mudanças climáticas em populações vulneráveis. Para muitos, o encontro representa a última chance de se evitar a ruptura irreversível do sistema climático.

 

A COP30 representa uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global, já reconhecida pelos esforços em áreas como energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono.

 

A novidade desta edição é o local que sediará os debates, ao pé da maior floresta tropical do mundo: a Amazônica. Entre os desafios está a dificuldade de Belém em acomodar os 50 mil participantes esperados, em virtude de gargalos na rede hoteleira e preços exorbitantes.