Belém do Pará renasce com obras da COP30 e entra na rota do futuro verde

Belém do Pará renasce com obras da COP30 e entra na rota do futuro verde

Investimentos inéditos em infraestrutura, mobilidade e saneamento colocam Belém em um novo patamar de desenvolvimento, com infraestrutura moderna, e no radar do turismo mundial.

Por: Vagner Ricardo Fotos: Augusto Miranda / Ag. Pará

Por ora, tapumes espalhados pela cidade escondem a repaginada que transforma Belém do Pará. Mas um movimento silencioso — porém, vigoroso — toma forma nos bastidores do setor produtivo, preparando a capital paraense para uma guinada histórica. O motor dessa mudança é a realização da 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP30), em novembro, e o volume inédito de investimentos em infraestrutura, mobilidade e saneamento.

 

Além de se tornar palco do maior evento global sobre clima, Belém começa a sonhar com o legado que vai muito além da COP: uma capital mais conectada ao mundo, com infraestrutura moderna, nova matriz econômica baseada na bioeconomia e na inovação, e uma consciência ambiental que passa a fazer parte da vida cotidiana.

 

“Acreditamos firmemente que daremos um salto de qualidade e de desenvolvimento que perdurará muito além da realização da COP30”, afirma a presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Elizabete Grunvald, para quem Belém será reposicionada no mapa global sem renunciar à identidade amazônica. “Ao contrário, fazendo dela sua maior força.”

 

À frente de uma das entidades empresariais mais antigas da região, Bete Grunvald não esconde o entusiasmo com a escolha do Pará como sede do encontro. Ela vê na COP30 uma oportunidade para mostrar ao mundo não apenas a hospitalidade local, mas também a capacidade de liderança da Amazônia em uma transição para uma economia mais verde e inclusiva.

 

“A cidade hoje é um grande canteiro de obras, e estamos confiantes na nossa capacidade de receber os visitantes de forma adequada, garantindo legados e estimulando um novo ciclo de desenvolvimento mais sustentável”, assinalou.

BANDEIRA ESG

 

Nos bastidores, Bete Grunvald observa uma revolução silenciosa: o despertar de uma nova consciência empresarial. “Já é possível perceber um interesse real e crescente dos empresários pela gestão ESG, por relações de trabalho mais éticas, responsabilidade social e uso de embalagens sustentáveis. É um legado que esse momento pré-conferência já nos trouxe.”

 

Essa transformação passa também por investimentos em capacitação. A ACP integra, junto com outras 26 entidades públicas e privadas, o programa “CapacitaCOP30”, que oferece 50 mil vagas em cursos gratuitos nas áreas de turismo, hospitalidade, segurança, gastronomia e idiomas.

 

“Estamos integrados à plataforma com dezenas de cursos gratuitos. Também promovemos capacitações por meio da nossa Universidade Corporativa, estimulando o empreendedorismo e a sustentabilidade”, destaca ela.

 

O diálogo com os governos municipal, estadual e federal, segundo ela, também tem sido fundamental. “Não há como realizar um evento da magnitude da Conferência sem uma grande articulação. Desde o anúncio da COP30, temos trabalhado para engajar o setor produtivo e participar ativamente das decisões”, explicou.

 

A COP30 deve movimentar a economia como um “Natal fora de hora”, nas palavras de Bete Grunvald, que, além de empresária, também é economista. A expectativa é de dezenas de milhares de visitantes: chefes de Estado, delegações, imprensa, ONGs e sociedade civil. “Esse fluxo vai gerar uma demanda grande por produtos e serviços e muitas oportunidades. O setor produtivo já vem se preparando com melhorias na estrutura, atendimento, capacitação de colaboradores e prospecção de novos negócios.”

 

Entre os desafios, a capacidade de hospedagem é um dos principais. “A rede hoteleira ainda não comporta, sozinha, o público esperado. Entretanto, estamos contando com várias outras soluções, como investimento em novos empreendimentos, navios transatlânticos adaptados como hotéis flutuantes, aluguel de imóveis por temporada, adaptação de escolas e universidades e a construção da “Vila Líderes”, com 405 suítes de alto padrão para chefes de Estado e delegações. Enfim, estamos desenvolvendo alternativas viáveis para acolher, de forma adequada e segura, os nossos visitantes”, garante.

NOVA ERA

 

Para além da infraestrutura, a COP catalisa mudanças mais profundas. “Já estamos vivendo outra realidade econômica. Grandes empresas e investidores estão com os olhos voltados para Belém, com foco na inovação e na bioeconomia como nova matriz econômica. Temos evidenciado essa nova realidade e estimulado o setor produtivo a acreditar e investir.”

 

Na visão da presidente da ACP, o grande legado da COP será a consciência ambiental, o fortalecimento da bioeconomia, a inclusão do Pará na rota do turismo internacional e o reposicionamento da Amazônia no debate global sobre o futuro do planeta. “A maioria das nossas ações está voltada ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas, que é a base de nossa economia, estimulando a inovação, a sustentabilidade e a inclusão social.”

 

Para Bete Grunvald, a cidade já está vivendo um novo momento, com maior fluxo de turistas e de eventos que vai além da sede da Conferência. “Acredito que a Belém que ficará depois da COP30 será mais estruturada, mais conectada com o desenvolvimento sustentável e com potencial de viabilizar a transição para uma economia mais verde, inclusiva e sustentável.”