O setor de seguros como agente da transição climática
A BB Seguros oferece seguros ligados ao Zarc NM para incentivar práticas agrícolas sustentáveis e fortalecer a resiliência ambiental e econômica. Por: Raquel Gaudêncio (*)
A transição para uma economia de baixo carbono exige mais do que inovação tecnológica: depende da articulação entre políticas públicas, engajamento privado e mudança de práticas produtivas. Nesse cenário, o setor de seguros consolida-se como alavanca estrutural da transição climática, transformando riscos em oportunidades de proteção, adaptação e geração de resultados sustentáveis.
A atuação da BB Seguros em projetos-pilotos, como a iniciativa em parceria com a Embrapa e o Ministério da Agricultura voltada à soja no Paraná, evidencia esse papel transformador. O modelo de subvenção diferenciada, vinculado ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático Níveis de Manejo (Zarc NM), se configura como um importante avanço da ferramenta neste sentido, ao incorporar indicadores de práticas regenerativas como cobertura do solo na semeadura, diversidade de culturas, manejo integrado do solo e análise de suas propriedades físico-químicas, que permitem mensurar e diferenciar os níveis de manejos que promovem boas práticas ambientais e maior resiliência do ambiente e das culturas aos impactos do clima.
Assim, o seguro, além de todos os benefícios primários da proteção financeira que permite a continuidade dos investimentos, passa a estimular condutas que aumentam a biodiversidade funcional, reforçam a adaptação ambiental e a fortalecem resiliência econômica.
Seguros paramétricos também despontam como inovação complementar, muito utilizados para coberturas catastróficas. Com liquidez imediata e menor burocracia, vinculam indenizações a indicadores normalmente climáticos e ambientais, como temperatura, inundações, furacões, terremotos, perda de cobertura vegetal, ou escassez hídrica, entre outros. Essa previsibilidade amplia a proteção em regiões mais vulneráveis e transforma o seguro em instrumento de eficiência econômica e adaptação climática com métricas claras de impacto.
No campo da conservação, o Seguro Floresta de Preservação da BB Seguros protege áreas de Reserva Legal, APPs e excedentes de vegetação nativa contra incêndios, utilizando sensoriamento remoto, georreferenciamento e dados socioambientais.
Diante dos mais de 218 milhões de hectares de florestas privadas no Brasil, trata-se de um produto estratégico para incentivar a manutenção de ecossistemas, a retenção de carbono e a mitigação das mudanças climáticas.
As Soluções baseadas na Natureza (SbN), que orientam esses produtos, unem restauração ecológica, inovação e impacto positivo mensurável. Investir nessas soluções significa ampliar o alcance do seguro como motor de transição climática justa e regenerativa, agregando valor financeiro, fortalecendo a resiliência das cadeias produtivas e consolidando o setor de seguros como protagonista na construção de um futuro de baixo carbono.
(*) Raquel Gaudêncio, superintendente executiva de Estratégia, VMO, Governança Corporativa e Sustentabilidade da Brasilseg, uma empresa BB Seguros.