AUMENTO DE UNIDADES FINANCIADAS IMPULSIONOU RESULTADO DE 2020

AUMENTO DE UNIDADES FINANCIADAS IMPULSIONOU RESULTADO DE 2020

Imóveis residenciais avançam no País e adequações serão bem-vindas no segmento corporativo. Garantias oferecidas pelo mercado de seguros ficam mais evidentes.

Por: Raquel Perin

De setembro de 2019 a setembro de 2020, 104.763 unidades imobiliárias foram lançadas no País, o que representa um declínio de 2,3% em relação aos 12 meses anteriores. No mesmo período, o número de unidades vendidas cresceu 13,5%, somando 131.852 imóveis, segundo o Indicador Abrainc-Fipe, medido pela Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

 

O resultado foi impulsionado pelo aumento do número de unidades financiadas, uma expansão de 31% no período, motivada pela queda histórica da taxa Selic, atualmente em 2% ao ano. Com base em números da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Celso Luiz Petrucci, Economista- -Chefe do Secovi-SP e Vice-Presidente de área da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), ilustra o quanto aumentou o volume de financiamentos com recursos da caderneta de poupança.

 

“Mesmo em um ano de pandemia, foram R$ 124 bilhões em financiamentos, um crescimento significativo de 58% em relação a 2019, principalmente na aquisição de imóveis, totalizando R$ 93 bilhões”. Do volume total de financiamentos, cerca de 80% foram para a aquisição e 20% para a construção de novos imóveis. Termômetro do mercado imobiliário do País, as vendas de imóveis em São Paulo cresceram 5% em 2020, somando cerca de R$ 25 bilhões, segundo Petrucci.

 

“Isso mostra a pujança do mercado imobiliário de São Paulo, o maior da América Latina, onde as empresas incorporadoras conseguem comercializar mais de R$ 2 bilhões por mês”. Para este ano, a estimativa também é de crescimento, principalmente em razão da expectativa do setor de que sejam aprovadas as reformas administrativa e tributária, além da aceleração do processo de vacinação. “O retorno gradual da economia depende do avanço da vacina.

 

Quanto mais acelerado for, mais teremos chance de atingir o crescimento previsto de 3,5% do PIB, o que permitirá que o mercado imobiliário tenha um bom desempenho, com crescimento de 5% a 10%”. E, mesmo com o aumento previsto da taxa Selic para 3,5% ao ano, Petrucci diz que não faltarão recursos, se a taxa Selic se mantiver entre 3,5% ou 4% até o final do ano. “Além de não faltarem recursos para o financiamento imobiliário, nem da caderneta de poupança e nem do Fundo de Garantia, não há previsão de aumento de juros no radar dos bancos, o que facilita o acesso das pessoas ao financiamento”, avalia ele.

 

SEGMENTO CORPORATIVO

 

Para Basilio Jafet, Presidente do Secovi-SP, a tendência do trabalho híbrido mudará o mercado e poderá gerar uma redução de demanda. Por outro lado, existe um aumento de demanda de espaços devido ao distanciamento social. “Hoje, os postos de trabalho nas empresas não cumprem as novas normas que vieram para ficar. O resultado disso é um tremendo debate entre aqueles que se dedicam ao mercado imobiliário”, avalia.

 

Os números de 2020 não estão fechados, mas estima-se que São Paulo tenha mais de 16 milhões de metros quadrados de escritórios e uma necessidade de mais 200 mil a 300 mil por ano. “Em 2020, por tudo o que ocorreu, devemos fechar com uma absorção negativa próxima a 200 mil metros quadrados, porém, entendemos que neste ano devemos voltar no mínimo para uma situação de equilíbrio”, diz Jafet. Na contramão desse movimento está o mercado de galpões logísticos, que foi um sucesso em 2020 em razão da necessidade de novos centros de distribuição.

 

“A absorção de novos galpões logísticos foi recorde da história de São Paulo, parece que superou 1 milhão de metros quadrados. Se for confirmado, é um número muito bom”, comemora. Fabio Tadeu Araújo, assessor de Inteligência da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), explica que dois fatores levaram à queda da demanda por prédios corporativos e salas comerciais: a crise econômica e a pandemia.

 

“Além da crise econômica, a pandemia exige diferentes estratégias, como o distanciamento social e o home office, o que faz com que a demanda efetiva tenha diminuído, pois a crise quebrou algumas empresas e outras adotaram o trabalho remoto. Em termos gerais, foi um ano ruim para o mercado de prédios corporativos”, afirma. Segundo ele, o que mais pesou foi a crise econômica.

 

“Não é o home office que está causando efetivamente as dificuldades que existiam no mercado de escritórios, mas, sim, a crise econômica. Se a economia se recuperar, é natural que novas empresas surjam, cresçam e os escritórios estarão com uma nova configuração de design e arquitetura. Eventualmente, precisarão de menos estações de trabalho, mas tenderão a criar outros espaços”, projeta.

 

SEGURO HABITACIONAL

 

Por ser um seguro obrigatório nas operações de crédito imobiliário, a tendência é de continuidade do crescimento da carteira de Seguro Habitacional, que apresentou um crescimento 7,80% no ano passado, em comparação a 2019. Assim, em um cenário normal de “temperatura e pressão” da economia e da taxa básica de juros, o exercício de 2021 se mostra alvissareiro para a Carteira Habitacional – Apólice de Mercado”, afirma Lincoln Peixoto, Presidente da Comissão de Seguro Habitacional da FenSeg.

 

O déficit habitacional no País, estimado em 7 milhões de unidades, por si só, potencializa a venda de novas unidades habitacionais. “Além do déficit e das baixas taxas de juros praticadas nos financiamentos habitacionais, há uma tendência de alta continuada na concessão de novos financiamentos habitacionais para a casa própria ou investimentos”, afirma Peixoto.

 

Para ele, a única hipótese de não se concretizar essa expectativa é se o Banco Central iniciar nos próximos meses a elevação da Selic, o que, consequentemente, provocaria o aumento das taxas de juros nos financiamentos habitacionais e um possível arrefecimento do ímpeto de novos contratos imobiliários. Ele esclarece que o crescimento do número de novos financiamentos habitacionais não tem qualquer correlação com os pacotes compreensivos residenciais. “O Seguro Habitacional – Apólice de Mercado abrange as coberturas oferecidas por aquele produto, no que diz respeito à maioria dos danos na unidade residencial”.