A força do setor de seguros para destravar o capital climático
O mercado segurador atua na transição climática, ao viabilizar investimentos sustentáveis, identificar vulnerabilidades estruturais e fortalecer a resiliência econômica e ambiental. Por: Erika Medici (*)
As mudanças climáticas se tornaram uma realidade que molda o presente ao alterar economias, revelar vulnerabilidades estruturais e impor uma nova urgência para governos, empresas e sociedade. No centro desse cenário, um ator tradicionalmente associado à proteção e à resiliência financeira e material começa a ocupar um novo lugar estratégico: o setor segurador.
A atuação do seguro vai além da simples mitigação de impactos. Com sua capacidade de antecipação e análise de riscos, o setor se posiciona como um aliado fundamental para promover uma mentalidade preventiva. Essa transformação cultural, baseada em dados, monitoramento contínuo e inovação, é a base para o seguro atuar como um parceiro na transição para uma economia sustentável.
É por meio dessa expertise em gerenciar riscos e fomentar a prevenção que o seguro se torna uma ferramenta-chave para viabilizar investimentos climáticos. A lógica é clara: sem cobertura adequada, projetos sustentáveis são percebidos como mais arriscados e, consequentemente, menos financiáveis. Ao compreender, precificar e gerenciar esses riscos, o seguro atua como um ‘fiador’, destravando o financiamento necessário para a transformação.
No Brasil, a AXA tem dado passos concretos nessa direção. Tendo o AXA Verde como um de seus pilares estratégicos para o crescimento, a companhia desenvolve e revisita produtos e processos com foco em estimular a sustentabilidade, como o seguro de transporte com compensação de CO2. Há também o Seguro de Energia Renovável, que tem como foco a cobertura para plantas de geração de energia solar e eólica, com uma revisão do produto voltado para Riscos Patrimoniais, trazendo cláusulas específicas para esse segmento.
Mas não é só criando produtos que nosso mercado quer contribuir para combater mudanças climáticas. Para que possa expandir essa atuação e cumprir seu papel de forma mais ampla, é preciso revisar o próprio conceito de segurabilidade, integrando variáveis ambientais, sociais e de governança à precificação de riscos. A participação na COP30, por meio da Casa do Seguro, é vista por nós como uma oportunidade crucial para demonstrar a outros atores como o conhecimento técnico e a capacidade de análise do setor podem contribuir para liberar o capital necessário para a transição com vistas a uma economia de baixo carbono.
A urgência climática exige alianças estratégicas. E o seguro, com sua capacidade de inovação e capilaridade, está pronto para contribuir de forma decisiva ao atuar como um parceiro essencial na construção de um futuro mais sustentável.
(*) Erika Medici, CEO da AXA no Brasil.