A  ‘SOU SEGURA’ E O MERCADO DE SEGUROS: MOMENTO DE CELEBRAR

A ‘SOU SEGURA’ E O MERCADO DE SEGUROS: MOMENTO DE CELEBRAR

Essa disparidade de participação(de gênero) em níveis mais altos revela o fenômeno do “degrau quebrado” ou do “teto de vidro”.

Por: Liliana Caldeira, presidente da Sou Segura

A ‘Sou Segura’ nasceu oficialmente em 2018, ainda sob o nome de Associação das Mulheres do Mercado de Seguros (AMMS). Antes, não existíamos como pessoa jurídica. Na prática, éramos uma sociedade de fato, formada por mulheres corajosas e dispostas a mostrar seu valor.

 

Naquele tempo, éramos o Clube das Luluzinhas, e promovíamos eventos, “passando o chapéu” para obter dinheiro para o coffee e para o espaço. As palestrantes eram guerreiras voluntárias na missão de demonstrar todo conhecimento e força, já que, nos idos de 1990, o mercado de seguros ainda era um lugar onde predominavam ternos e gravatas, com rara e escassa presença feminina em lugares de fala e de protagonismo.

 

Por conta desse cenário, resolvemos nos profissionalizar e crescer – afinal de contas éramos mulheres, executivas, empreendedoras, muitas chefes de família e donas de nosso destino. E foi essa a força-motriz para mudar e nos formalizar como uma associação, cuja missão é lutar por um ambiente sem desigualdade de gênero, na busca pela equidade.

 

Os estudos realizados pela ENS, com o apoio da CNseg e da Fenacor sobre as Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, mostram retratos da desigualdade em nosso segmento de negócio, e também que estamos caminhando para um melhor momento.

 

Sabemos que a proporção de mulheres nas seguradoras é de 54,4% em todos os níveis. Contudo, em níveis hierárquicos mais altos, esse número avançou para dois homens para cada mulher, contra quatro por uma, na proporção do primeiro estudo, feito há dez anos.

 

Essa disparidade de participação em níveis mais altos revela o fenômeno do “degrau quebrado” ou do “teto de vidro”. Além desse aspecto, mulheres, em todo mundo, ganham menos do que os homens, mesmo exercendo a mesma função. Até por conta dessa realidade, foi promulgada a recente lei de igualdade salarial em nosso País: Lei 14.611/2023.

 

No Brasil, as mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens, e a diferença salarial entre os gêneros segue nesse patamar elevado mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. É o que mostra levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE (dados de 2021)

 

Segundo os estudos da vencedora do Prêmio Nobel de Economia de 2023, Claudia Goldin, professora da Universidade Harvard, parte da explicação para essa grande disparidade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres (“gender gap”, em inglês) é a fase da vida em que mulheres precisam tomar decisões importantes para suas carreiras, ainda muito jovens, quando devem fazer escolhas sobre assuntos como maternidade, por exemplo.

 

Para além dos problemas financeiros causados pelo gender gap e a sobrecarga dos trabalhos de cuidado, outros fatores impõem sofrimento psíquico às mulheres: pressões estéticas e as violências de gênero, conforme revelou o relatório Esgotadas da ONG Think Olga. De acordo com dados deste relatório, no Brasil, quase 60 mil mulheres sofreram violência diária em 2022.

 

PRÁTICAS E AÇÕES

 

Esses pontos mostram a necessidade premente da continuidade do trabalho da ‘Sou Segura’, no sentido de trazer luz para esses temas, abordá-los, discuti-los e tratá-los com ideias, práticas e ações que objetivem soluções e alternativas viáveis para o seu enfrentamento.

 

Assim, a importância da atuação da ‘Sou Segura’ está em seu trabalho de conscientização e engajamento de mulheres e homens que integram o nosso mercado, e uma conscientização para as causas que envolvem as mulheres, inclusive para além do ambiente de trabalho.

 

O trabalho da ‘Sou Segura’ gera efetivos impactos, porque, além de mostrar a realidade, propõe sugestões e alternativas para a busca da equidade de gênero e promoção da diversidade, destacando-se também as vantagens desta inclusão na obtenção de resultados financeiros para as empresas, no estímulo à criatividade e à inovação e no atingimento de um ambiente de trabalho com bem-estar, respeito e pluralidade.

 

Do ponto de vista das pessoas, o trabalho da ‘Sou Segura’ se materializa na realização de iniciativas que permitem às mulheres ter maior visibilidade e se desenvolver, seja por meio de eventos, treinamentos, palestras, programa de mentoria, espaço para escrita e fala de mulheres.

 

Neste sentido, apoiamos as mulheres a escalar suas vidas profissionais e a buscar saúde física, mental e emocional com espaço de escuta e acolhimento. Como exemplos, temos nossa Coluna Fala Mulher, a TVSegura, o podcast VozSegura, os eventos técnicos (insurance meetings), a cartilha de boas práticas, o programa de mentoria intercompany, as premiações anuais em que reconhecemos nossos patrocinadores por suas ações em prol da equidade de gênero.

 

Isso sem falar em emblemático evento ‘Sou Segura’ Summit, que ocorreu em 2021 e em março de 2023, cujos ecos reverberam até hoje em elogios sobre seu conteúdo e forma.

 

Nosso mercado está melhor em termos de representatividade, mas ainda há muito por fazer, e é esta a missão da ‘Sou Segura’. E para celebrar este momento em que vemos nosso mercado seguir melhor, rumo a equidade, vamos homenagear nossas mulheres com a publicação de um livro.

 

O livro “Fala Mulher” é uma coletânea com os 38 artigos mais lidos, escritos por mulheres incríveis para a coluna Fala Mulher ao longo dos últimos anos, abordando temáticas vinculadas a carreira e diversidade, a pandemia e seus impactos e artigos técnicos.

 

Celebrar é preciso, porque conquistas vêm com a perseverança e com muito trabalho, e para isso a ‘Sou Segura’ e as mulheres do nosso mercado têm energia de sobra.