CALENDÁRIO FACTÍVEL DA VACINAÇÃO EM MASSA É CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL PARA A RECUPERAÇÃO ECONÔMICA DA AMÉRICA LATINA

CALENDÁRIO FACTÍVEL DA VACINAÇÃO EM MASSA É CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL PARA A RECUPERAÇÃO ECONÔMICA DA AMÉRICA LATINA

Está claro que o Brasil precisa consolidar um calendário factível da vacinação em massa sem demoras, equacionar seu déficit fiscal, manter a dívida pública sob rigoroso controle.

Por: Marcio Serôa de Araujo Coriolano

A nova onda da pandemia da Covid-19 torna ainda mais desafiador e urgente adotar medidas para alcançar o crescimento econômico projetado em 3,5% pelo Banco Central para este ano. Está claro que o Brasil precisa consolidar um calendário factível da vacinação em massa sem demoras, equacionar seu déficit fiscal, manter a dívida pública sob rigoroso controle, retomar as reformas tributária e de modernização da administração pública, ser pragmático nas relações internacionais e ativo no comércio externo, tudo isso para atingir os objetivos de recuperação da economia.

 

Em síntese, essa é a principal mensagem de um time de expoentes economistas reunido pela Revista de Seguros para avaliar a conjuntura econômica – nossa matéria de capa -, em um momento em que a pandemia se agrava e ocorre, ao mesmo tempo, um reserva de vacinas pelos países fabricantes, uma corrida mundial às vacinas disponíveis e aos seus insumos, além de reiterados atrasos no cronograma de entrega dos imunizantes.

 

Também a convite da Revista de Seguros, lideranças regionais do Setor Segurador da América Latina discutem em nossas páginas as perspectivas dos respectivos mercados. A retomada do crescimento regional é ainda mais dramática, após as severas perdas ocorridas no ano passado. A taxa média de crescimento da região, de mais de 3% neste ano, não é suficiente para reaver uma contração média de mais de 7% causada pelo ciclo anterior da pandemia. Mas o recomeço é bem-vindo e necessário, ainda que ocorra em um cenário de incertezas, dado o risco que novas ondas de contágio possam reproduzir ciclos recessivos na economia.

 

A vacinação em massa da população é a medida número um para o alcance de dias mais normais na vida, na economia e nos negócios. Além de austeridade e assertividade nos gastos públicos, são necessárias políticas para reduzir o desemprego regional e amparar as camadas pobres da região. Não são tarefas simples exigidas para a recuperação de economias médias e fragilizadas. No Brasil, há outro desafio comum a todas as atividades do País. Trata-se do fiel cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados.

 

Em razão de sua importância, essa edição publica uma entrevista exclusiva com Miriam Wimmer, Diretora da recém-criada Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), a entidade federal guardiã da LGPD. Na conversa, ela fala do planejamento estratégico da ANPD e dos temas prioritários para dar transparência e previsibilidade aos agentes de tratamento e aos titulares de dados. Ao mesmo tempo, a ANPD se prepara para receber comunicações de indivíduos e de organizações, sobretudo sobre incidentes de segurança.

 

O fato de o Brasil ser uma economia diversificada fará alguns segmentos tomarem a dianteira na recuperação. O comércio exterior, por exemplo, promete números mais vistosos neste ano: as exportações devem subir 13,7%, alcançando R$ 237,3 bilhões até dezembro, e o superávit comercial projetado é de quase US$ 70 bilhões neste 2021. O ano tende a ser mais favorável aos negócios imobiliários, principalmente pela oferta de financiamentos.

 

O segmento residencial deve continuar a ser o mais dinâmico. Outros vão andar de lado, como o das montadoras, obrigadas a enfrentar o desafio da inovação em um ambiente de negócio bastante adverso, além de queda acentuada das vendas na pandemia, fechamento de fábricas, concorrência dos aplicativos de transportes e a chegada dos carros elétricos e, talvez, dos autônomos.

 

Sabe-se que, sem modernizar seu parque, as montadoras no Brasil não terão chances de sobreviver em um cenário em que a tecnologia limpa terá a preferência dos consumidores.