Inovação em seguros: o papel da IA para o setor alcançar 10% do PIB até 2030
A inovação é a chave para tornar os seguros mais acessíveis e atraentes para a população. A personalização dos produtos é uma tendência crescente. Por: Nuno Vieira
O setor de seguros no Brasil enfrenta um momento crucial com a meta ambiciosa de representar 10% do PIB até 2030, conforme delineado no Plano de Desenvolvimento do Mercado Segurador. Para alcançar essa meta, é essencial que a indústria não apenas aumente a penetração dos seguros, mas também inove em produtos, processos e canais de distribuição. A inteligência artificial (IA) surge como uma ferramenta poderosa para impulsionar essa transformação.
Atualmente, o setor representa cerca de 6,5% do PIB (considerando o segmento de Saúde), um número que revela grande potencial de crescimento. Comparado a países desenvolvidos, onde a penetração pode ultrapassar 10% ou 15%, fica evidente que há um espaço significativo para expansão. No entanto, o desconhecimento dos produtos de seguros, alguma dificuldade de acesso ou produtos menos adequados ao perfil e às necessidades dos clientes são barreiras que precisam ser superadas.
A inovação é a chave para tornar os seguros mais acessíveis e atraentes para a população — e pode se manifestar de várias formas, como a personalização dos produtos, uma tendência crescente. Em todo o mundo, as seguradoras estão utilizando dados para criar produtos sob medida, como seguros de saúde, que consideram o histórico médico individual, ou de automóveis, que ajustam os prêmios com base no comportamento na direção. Além disso, a automação de processos internos, como a análise de sinistros, combate à fraude ou atendimento ao cliente, pode resultar em maior eficiência e redução de custos.
A massificação do seguro é outra estratégia vital e depende do desenvolvimento de produtos acessíveis e compreensíveis e campanhas educativas que informem sobre a importância dos seguros. A digitalização dos canais de distribuição é essencial nesse processo, pois permitem que as seguradoras alcancem um público mais amplo por meio de plataformas online e aplicativos móveis.
Com a capacidade para analisar grandes volumes de dados, a IA pode melhorar a análise de risco e a personalização de produtos. Algoritmos de aprendizado de máquina podem prever, por exemplo, a probabilidade de sinistros ou fraude com base em dados e comportamentos, permitindo que as seguradoras ajustem seus prêmios de forma mais precisa — além de automatizar a gestão de reclamações, garantindo uma experiência mais satisfatória para os clientes.
Mas a adoção de IA no setor de seguros não é isenta de desafios. A resistência cultural nas organizações, as dificuldades no acesso à coleta e uso de dados e a falta de habilidades técnicas e ferramentas são barreiras que precisam ser superadas. Para isso, as seguradoras devem investir em treinamento e capacitação, promovendo uma cultura de inovação que incentive a experimentação e a colaboração. Há várias seguradoras que já desenvolvem seus laboratórios de inovação, para design e teste de novos produtos e processos, e um ecossistema de inovação.
Conclusão: a inovação e a adoção de IA são fundamentais para o futuro do setor de seguros no Brasil. Para atingir a meta de alcançar 10% do PIB até 2030, as seguradoras devem se concentrar em aumentar a penetração de seguros, diversificar a oferta de produtos, adotar novas tecnologias e conhecer melhor seus clientes e distribuidores.
Embora haja desafios a superar, as oportunidades são vastas. A colaboração entre seguradoras, fintechs e empresas de tecnologia é essencial para impulsionar essa transformação e garantir que mais brasileiros tenham acesso a produtos de seguros que atendam às suas necessidades.
(*) Nuno Vieira | Partner/Principal | Business Consulting da EY