MANTRA DA DIVERSIDADE E INCLUSÃO REVERBERA NA INDÚSTRIA DE SEGUROS

MANTRA DA DIVERSIDADE E INCLUSÃO REVERBERA NA INDÚSTRIA DE SEGUROS

Exemplos de iniciativas entre as seguradoras no Brasil seguem o mesmo ritmo observado em companhias de países europeus.

Por: Vagner Ricardo

Exemplos por toda parte confirmam que iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês) ganham cada vez mais tração e musculatura na indústria global de seguros. Olhando o entorno mundial, essas iniciativas demonstram que a corrida não tem linha de chegada nesse campo. As métricas podem variar, mas o norteamento para um setor mais inclusivo que reconhece sua pluralidade é inegável, inclusive no Brasil. 

 

Aqui, a criação do Dia da Diversidade e Inclusão pela CNseg, comemorado anualmente em 25 de setembro desde 2019, torna-se uma oportunidade para avaliar o andamento dessas iniciativas no mercado local. Neste ano, o novo Relatório de Sustentabilidade da CNseg, que reúne as ações catalogadas na sigla ASG (ambiental, social e governança), terá inclusive uma parte dedicada às iniciativas de diversidade e inclusão.  

 

O avanço dos pilares da diversidade é perceptível entre as seguradoras no Brasil. A sondagem da CNseg indica, por exemplo, que a maioria das seguradoras dispõe de canais de reclamação para receber e solucionar queixas sobre preconceitos na empresa; oferece cursos de capacitação de gestores e recrutadores sobre diversidade e princípios de igualdade; monitora indicadores de diversidade no quadro de pessoal; adota políticas afirmativas e promove a contratação de minorias (étnicas, LGBTQIA+, refugiados etc.). 

 

O mercado segurador tem política de concessão de benefícios iguais para casais do mesmo gênero e ações afirmativas que favorecem o crescimento na carreira, voltadas principalmente para grupos vulneráveis à discriminação.

 

RITMO GLOBAL

O Brasil segue o ritmo do mercado global. Na Noruega, a chamada “Carta das Mulheres nas Finanças”, lançada em 2021, orienta as seguradoras no avanço da proporção de mulheres em cargos de liderança e funções especializadas, adotando-se métricas para avaliar essa evolução. Lá, os trabalhadores têm também direito a um aumento salarial quando regressam ao trabalho após um mínimo de cinco meses de licença parental. 

 

No Reino Unido, a Associação de Seguradoras Britânicas (ABI) criou um plano em direção a um setor mais diversificado, equitativo e inclusivo. Alcançar a paridade de gênero, contar com mais negros, asiáticos e minorias étnicas em seus quadros, promover a mobilidade social e ter maior participação da comunidade LGBTQIA+ e de pessoas com deficiência  neurodivergência são alguns dos destaques.

 

Na Itália, a Associação Italiana de Companhias de Seguros (Ania) e a Comissão Nacional aliaram-se em favor da igualdade de oportunidades no setor dos seguros. Em razão disso, foi criado um certificado para as políticas de equidade de gêneros das seguradoras, ampliou-se o prazo da licença maternidade e, desde 2019, está disponível aos colaboradores um serviço de consultoria que oferece cinco sessões de apoio a quem enfrenta situações pessoais embaraçosas.

 

AÇÕES DO MERCADO

Duas ações no campo institucional adotadas pela CNseg neste ano devem ser acrescentadas à lista. Além da criação da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, a CNseg lançou o Guia Nome Social, documento gratuito que fornece informações sobre a importância do uso do nome social para interações com colaboradores e consumidores das empresas de seguros, entidades abertas de previdência complementar, sociedades de capitalização e operadoras de saúde suplementar.

 

Na verdade, lembra a diretora de Sustentabilidade da CNseg, Ana Paula Almeida, os primeiros passos do mercado com a diversidade e inclusão não são recentes e podem ser contados a partir de 2012, quando a CNseg aderiu à Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP FI), que não se restringe ao meio ambiente, mas também abrange inclusão social e políticas de gênero dentro das chamadas metas do milênio criadas pela Organização das Nações Unidas (ONU).  

 

“De lá para cá, temos visto o amadurecimento do setor com relação aos temas da pauta de diversidade e inclusão. As empresas têm buscado, a cada dia, novos meios de acolher e incluir colaboradores e clientes, mantendo um olhar atento e permanente às mudanças da sociedade”, afirma ela.

 

Essa visão é compartilhada pela Susep. Para Domicio Neto, coordenador-geral de Gestão de Pessoas da autarquia, a melhor forma de assegurar tratamento adequado aos clientes é investir em diversidade, inclusão e representatividade dos colaboradores e desenhar produtos e serviços para diversos públicos. “Uma equipe diversa e bem capacitada pode ser capaz de gerar uma experiência muito positiva no relacionamento com os clientes”, afirma ele. 

 

Dessa forma, tanto os profissionais que atuam nas empresas como os corretores que representam um elo importante com os consumidores exercem papel importante e estabelecem um melhor diálogo entre seus pares, reforçando a importância da pluralidade nas contratações como estímulo das políticas de inclusão.