NOVA COLUNA REÚNE TEMAS INSTITUCIONAIS DE REPERCUSSÃO NO MERCADO

NOVA COLUNA REÚNE TEMAS INSTITUCIONAIS DE REPERCUSSÃO NO MERCADO

Edição de estreia destaca três iniciativas que colaboram para consolidar forte expansão do setor segurador a curto e médio prazos

Por : Vagner Ricardo

Um dos assuntos que inauguram essa seção é a próxima edição da Conferência Hemisférica da Federação Interamericana de Seguros (Fides), principal evento do calendário do mercado regional de seguros das Américas e da Península Ibérica, que já conta com mais de 900 inscritos (dados fechados até abril) e mira alcançar 1,5 mil participantes na imersão em prol do crescimento sustentado.

 

Na sequência, a Agenda Institucional da CNseg que, dias após ser apresentada em Brasília, teve uma de suas propostas acolhidas pelo pacote do Governo em favor da expansão do crédito; e o Plano de Desenvolvimento do Mercado Segurador, que ambiciona fazer o mercado crescer de forma acelerada nos próximos anos e atingir a casa de 10% do PIB em receitas (hoje são 6,5%), elevar as indenizações pagas para 6,5% (hoje, 4,6%) e ampliar em 20% a população protegida por seguros.

 

FIDES: DELEGAÇÕES DE 37 PAÍSES CONFIRMADAS

A próxima Conferência Hemisférica de Seguros da Fides, a primeira presencial após a pandemia da Covid-19, já apresenta números preliminares que a aproximam da condição de edição histórica. Até abril, mais de 900 pessoas fizeram inscrição para a Fides Rio 2023, que ocorrerá de 24 a 26 de setembro, na cidade do Rio de Janeiro, reunindo delegações de 37 países e de mais de 300 empresas de seguros, resseguros, brokers, grandes corretoras, escritórios de advocacia, subscritores etc. Também estarão presentes CEOs, presidentes e executivos dos mais tradicionais grupos seguradores regionais e globais, que se juntarão a um time de especialistas, autoridades públicas e lideranças globais da mais alta relevância, observa o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, em vídeo publicado no site da Fides.

 

A meta do encontro é reunir 1,5 mil participantes, tornando-se uma das edições mais prestigiadas da história da Fides. As inscrições continuam abertas. Até abril, as três maiores delegações estrangeiras confirmadas eram as dos Estados Unidos, com 138 inscritos, da Argentina (58), do Reino Unido e da Colômbia (ambas com 51). Vale destacar, no entanto, que haverá delegações de várias partes do mundo, como Portugal, Espanha, Polônia, Suíça, Emirados Árabes, Coreia do Sul, Cingapura e Eslovênia, entre outras.

 

O interesse em participar da Fides é notório e tem relação direta com a tradição da Conferência Hemisférica de promover debates estratégicos e substantivos para a sustentabilidade do mercado global de seguros. Nesta 38ª edição, o tema central será “Seguros para um mundo mais sustentável”.

 

Um site (https://fidesrio2023.com.br/) foi criado para atender os interessados em participar do encontro bianual — apenas na pandemia seu cronograma foi descumprido. Nele, estão reunidas as informações mais relevantes da próxima Fides, como palestrantes, programação, patrocinadores, informações sobre o Brasil e o Rio de Janeiro, cidade escolhida para sediar o evento pela terceira vez na história da Conferência.

 

Além disso, parte do conteúdo debaterá direta ou indiretamente temas como desafios da longevidade, avanço dos riscos cibernéticos, sinistros de grande monta, mudanças climáticas e aderência das seguradoras a questões ligadas à sigla ASG (ambientais, sociais e de governança). “São temáticas que tratam de questões fundamentais para o futuro do mercado”, assinala Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, entidade-anfitriã do evento da Fides.

 

AGENDA INSTITUCIONAL, PROPOSTA INCORPORADA

A incorporação ao pacote pró-crédito do Governo de um dos dez tópicos prioritários da primeira Agenda Institucional da CNseg, poucos dias depois de lançada oficialmente em Brasília, em 12 de abril, demonstra que o mercado segurador está pronto para ser um parceiro estratégico das políticas públicas.

 

Lançado em 21 de abril, o pacote federal reúne 13 iniciativas para facilitar o acesso ao mercado de crédito e reduzir juros, entre outras ambições. Uma delas é justamente a aceitação de reservas financeiras mantidas em planos de previdência privada, em títulos de capitalização e seguros de vida em garantias a financiamentos.

 

O consenso é de que essas garantias financeiras ofertadas pelas seguradoras vão também baixar a inadimplência nas operações de crédito e os resgates de reservas dos planos de previdência e vida, em momentos de sufoco financeiro dos segurados.

 

O mercado segurador é um dos maiores investidores institucionais no País e reúne R$ 1,2 trilhão em ativos garantidores. Numa conta conservadora, o presidente da CNseg assinala que, se apenas algo entre 5% e 10% das reservas das seguradoras forem usadas, a cifra direcionada a garantias de crédito oscilará de R$ 60 bilhões a R$ 120 bilhões.

 

O uso das reservas da previdência privada, defendido pela CNseg, foi um dos temas debatidos no âmbito da Iniciativa de Mercado de Seguros (IMS), grupo de trabalho criado no ano passado para fomentar o setor. Agora, consta do Projeto de Lei Complementar já enviado para apreciação do Congresso Nacional.

 

A garantia a empréstimos financeiros não é, contudo, a única contribuição para melhorar a vida da população em geral e auxiliar a materialização de algumas políticas públicas do Governo. Nos demais tópicos da Agenda Institucional, o setor segurador oferece propostas assertivas de melhoria do ambiente de negócios, em prol do desenvolvimento socioeconômico do País e da ampliação da poupança nacional, além do bem-estar coletivo.

 

A Agenda Institucional lista outras ações que podem potencializar o alcance do seguro, ao lado de maior bem-estar de parcelas da população. Incluem-se aí, por exemplo, soluções de seguros para mitigar os impactos dos desastres naturais ou a oferta de proteção aos trabalhadores de aplicativos.

 

A proposta para ampliar o acesso à Saúde Suplementar, por meio de um novo marco regulatório que flexibilize o modelo de negócio, é outra medida relevante, assim como a adesão automática do trabalhador a planos de previdência nas empresas que oferecem o benefício a seu quadro funcional.

 

Acrescente-se à lista o combate à atividade ilegal das Associações de Proteção Veicular (APVs), além da participação do setor privado no Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados no Brasil.

 

Dyogo Oliveira destaca números que demonstram a importância do seguro para ampliar a segurança e a proteção de todos os pares da sociedade. Em 2022, o setor pagou R$ 452,1 bilhões em indenizações, alta de mais de 14% em relação a 2021. Para fins de comparação, esse montante representou 7,3 vezes o orçamento anual do Bolsa Família.

 

Só no seguro Rural foram indenizados R$ 10,5 bilhões, crescimento de 47% em relação ao do ano anterior. Na Saúde Suplementar, mais de R$ 232 bilhões para o fornecimento de serviços à população, o que representa 149% do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, esses números dão uma ideia de como o setor está apto a cuidar da proteção e do bem-estar da sociedade.

 

PDMS, A CORRIDA SEM FIM

O mercado segurador consolidado do País (todos os ramos de seguros, incluindo os de benefícios, além de títulos de capitalização) planeja uma colocação mais proeminente no ranking global da atividade até 2030. A meta é fazer parte das economias nas quais o mercado de seguros responde por dois dígitos do Produto Interno Bruto (PIB).

 

Considerando-se 65 premissas para a expansão, o mercado segurador representará o equivalente a 10% do PIB brasileiro em termos de receita a partir de 2030. Será um salto significativo, tendo em vista que hoje responde por 6,5%. Para praticamente dobrar a receita, o mercado precisará elevar em 20% a população atendida, prevendo também um pulo nas indenizações pagas, dos atuais 4,6% para 6,5% do PIB.

 

Lançado oficialmente em março, em cerimônia realizada em São Paulo, o Plano de Desenvolvimento do Mercado Segurador reúne iniciativas de crescimento da CNseg, FenSeg, FenaPrevi, FenaSaúde, FenaCap e Fenacor, além de empresas do mercado.

 

Tendo o consumidor no centro de sua estratégia, o PDMS reúne 65 iniciativas, divididas em quatro eixos de atuação, para obter velocidade de cruzeiro em meio a variáveis que estão fora do controle do mercado, como os fatores macroeconômicos.

 

“O Plano foi criado a partir da percepção de que o mercado de seguros pode gerar mais reservas para a poupança nacional e direcionar mais recursos para projetos nacionais importantes, ao apoiar iniciativas públicas e privadas. Assumimos riscos das mais diversas atividades econômicas e oferecemos proteção aos indivíduos e às empresas”, assinala o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira.

 

O Plano identifica dificuldades para a expansão e aponta soluções específicas ou genéricas para os quatro segmentos do mercado. Quatro pilares — Imagem do Seguro, Distribuição de Seguros, Produtos e Eficiência Regulatória —  buscam solucionar desafios que vão do pouco conhecimento das pessoas sobre a proteção abrangente das garantias e custos regulatórios que encarecem os produtos até dificuldades de ampliar a demanda entre as camadas mais pobres, seja por causa da renda, seja  por ausência de produtos adequados.

 

Entre as saídas, destacam-se: promover visibilidade crescente à atividade, desmitificar a ideia de que o seguro é caro, desburocratizar ao máximo as operações de seguros e buscar a simplificação da linguagem técnica da atividade para ser mais bem entendido pelo conjunto da sociedade.

 

Do Plano consta também ratificar o protagonismo do mercado segurador na questão ASG, mostrando o compromisso setorial com a agenda ambiental, social e de governança. Figurando entre os maiores investidores institucionais do País, o mercado segurador pode orientar o crescimento sustentável a partir de seleção dos investimentos que formam suas reservas técnicas. Ao mesmo tempo, via subscrição de riscos, é capaz de onerar atividades poluidoras ou, no extremo, desistir do negócio, já que as companhias são aderentes a iniciativas de descarbonização.

 

Cada segmento deverá dar seu quinhão de esforço na meta de alcançar mais de 10% do PIB. Imaginando-se que todas as variáveis listadas no PDMS avancem positivamente — incluindo-se expansão do PIB, comportamento civilizado da inflação e dos juros e reformas estruturantes —, os seguros de Pessoas (acumulação e riscos) alcançariam 4,1% do PIB de 2030, os Seguros Gerais, 2,1%, o segmento de Capitalização, 0,5%, e Saúde Suplementar, 3,4%.

 

Alcançada a meta, o mercado segurador será um ator ainda mais ativo no suporte ao desenvolvimento econômico, ao gerar mais poupança doméstica, ampliar a segurança das pessoas e dar maior estabilidade aos negócios, além de se tornar um contribuinte de impostos ainda mais relevante para subsidiar
políticas públicas.