OS PASSOS DO SETOR EM MEIO A RISCOS CADA VEZ MAIS COMPLEXOS

OS PASSOS DO SETOR EM MEIO A RISCOS CADA VEZ MAIS COMPLEXOS

Reflexões instigantes estão presentes nesta edição da Revista de Seguros e não só limitadas à matéria de capa, sobre as perspectivas da desglobalização.

Por: Dyogo Oliveira

Reflexões instigantes estão presentes nesta edição da Revista de Seguros e não só limitadas à matéria de capa, sobre as perspectivas da desglobalização. O que se constata, até aqui, é que há um freio de arrumação a caminho da economia global, após a desorganização das cadeias de insumo provocada pela pandemia e, mais recentemente, por tensões geopolíticas, tendo a invasão da Ucrânia pela Rússia como um case emblemático.

 

Muitos setores acenam, sim, com uma rede de fornecedores locais ou regionais para escapar da enorme dependência de insumos fabricados em países asiáticos, notadamente na China. O Brasil pode se beneficiar do quadro de reorganização das cadeias globais, tendo em vista sua proximidade com os mercados americano e da União Europeia. Antes, será preciso reconhecer os próprios erros e não repeti-los. Nesse sentido, vale conferir a entrevista da economista Zeina Latif, autora do livro “Nós do Brasil – Nossa herança e nossas escolhas”, lançado pela Editora Record.

 

Ela mergulha numa investigação sobre as raízes de alguns dos nós que emperram o desenvolvimento do País. Avalia escolhas econômicas equivocadas, erros de gestão de políticas públicas ou no campo da educação pública. Há outros temas relevantes que todos precisam ter no radar, principalmente gestores públicos e privados. A migração internacional, que tende a se intensificar nas próximas décadas com o envelhecimento da população mundial, deverá produzir um vaivém de trabalhadores e gargalos de profissionais naquelas economias sem políticas azeitadas de atração de estrangeiros.

 

Será um fator limitante da produtividade, dependendo do lado que os países estiverem no fiel da balança — exportador ou importador de migrantes — nas próximas décadas. As novas tecnologias continuam a produzir surpresas, como as chamadas plataformas imersivas. A mais recente, o metaverso, cria um novo mercado de bens imateriais e estimula o uso das criptomoedas.

 

Trata-se de uma tecnologia com grande potencial de aproveitamento no setor de seguros, ao lado de outras, como o big data ou a Inteligência Artificial. A corrida sem linha de chegada da inovação reclama um novo olhar dos gestores públicos. Exemplo disso é a fabricação de carros elétricos. Sem uma política nacional de eletromobilidade, como as já desenhadas nas principais economias do mundo, o Brasil corre o risco de tornar sua indústria automotiva cada vez menos competitiva e desconectada das cadeias produtivas globais.

 

A era de carros mais limpos exige investimentos para manter mais de 40 fábricas no País e preservar 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos na cadeia automotiva. Os impactos do marco da securitização e seus benefícios para o setor segurador também são tratados nesta edição. A securitização assegura novas fontes de diversificação dos financiamentos, ampliando a participação nos negócios de grandes riscos pelas seguradoras e resseguradoras. O comportamento das commodities no mercado global é tema de outra reportagem.

 

Segundo estudo do Banco Mundial, o choque de alimentos e combustíveis pode perdurar até 2024, agravando o risco de estagflação global. Já os efeitos práticos das mudanças climáticas estão materializados na matéria que detalha a pior estiagem da história enfrentada pelo Rio Grande do Sul. Uma seca de custos elevados para os produtores gaúchos e de pagamentos bilionários de indenizações a cargo de seguradoras.