Os sete pilares da participação dos seguros na agenda climática
O setor segurador amplia sua atuação na proteção e prevenção, com propostas que vão do Seguro Social Catástrofe a investimentos verdes, infraestrutura e proteção rural. Por: Bianca Rocha
O mercado segurador brasileiro tem se mobilizado em torno de uma agenda estratégica voltada à resiliência climática, ao fortalecimento da infraestrutura e ao financiamento de soluções sustentáveis. Nesse cenário, sete linhas de ação demonstram o papel do seguro como instrumento de proteção, prevenção e investimento.
Entre os destaques está o Seguro Social Catástrofe, em discussão no Congresso, que busca reduzir a vulnerabilidade da população diante de eventos extremos — o texto prevê indenização emergencial para famílias atingidas por inundações, alagamentos ou desmoronamentos, além de auxílio funeral em caso de óbito. De caráter privado, mas obrigatório, o seguro terá custo reduzido e isenção para beneficiários de programas sociais.
No campo dos investimentos verdes, o setor segurador defende a emissão de títulos soberanos sustentáveis no mercado doméstico, aproveitando o apetite das seguradoras por ativos de longo prazo. Essa proposta conecta a necessidade de financiar a agenda climática nacional à capacidade de investimento do setor.
Em infraestrutura, a obrigatoriedade do seguro em projetos de engenharia e construção é considerada essencial. A Lei nº 14.133/21 já permitiu fiança de até 30% do valor do contrato em casos de cláusula de retomada, mas o setor defende a ampliação dessa exigência, sobretudo em obras do PAC, para reduzir paralisações e aumentar a segurança jurídica.
No meio rural, diante das perdas crescentes e da baixa penetração do seguro (cobrindo apenas 7,7% da área cultivada), ganha força a proposta de modernizar o Fundo de Estabilização do Seguro Rural. O objetivo é criar um mecanismo capaz de absorver choques excepcionais, assegurando a continuidade da produção, com aportes de governo, seguradoras e resseguradoras, além do uso de georreferenciamento para análise de riscos climáticos e socioambientais.
Outro avanço é o Climate Risk Hub, repositório nacional de dados climáticos que reunirá informações sobre desastres, projeções de impacto e vulnerabilidade regional. A plataforma permitirá comparações, integração de dados de sinistros e, futuramente, relatórios que relacionem impactos climáticos a indicadores macroeconômicos.
Na Taxonomia de Sustentabilidade, a CNseg atua junto ao Comitê Interministerial da Fazenda e desenvolve sua própria taxonomia, como referência para produtos e serviços que incentivem inovação, responsabilidade socioambiental e alinhamento com metas de adaptação e resiliência.
Por fim, no combate ao desmatamento e proteção da biodiversidade, a CNseg dialoga com o SFB e o BNDES sobre a ampliação de seguros para concessões florestais. Hoje restritos a poucos riscos, esses produtos devem evoluir para coberturas mais amplas, garantindo sustentabilidade financeira e estimulando restauração e manejo responsável das florestas.