SETOR DE SEGUROS PAVIMENTA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

SETOR DE SEGUROS PAVIMENTA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

Apesar dos reflexos da pandemia e da guerra na Europa, o setor mantém-se resiliente, com expansão prevista de 15%. Tendência será mantida em 2023.

Por: André Felipe De Lima

No ano em que a economia apresentou altos e baixos no País e no exterior e que fatores como inflação e juros mantiveram o viés de alta, o mercado de seguros fecha mais um exercício no terreno positivo com crescimento consecutivo de dois dígitos, após a desaceleração de 2020 causada pela pandemia. Os novos números do setor demonstram sua consistente contribuição à qualidade de vida, à resiliência dos negócios e em prol do desenvolvimento do País.

 

O diagnóstico é do presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, que considera o contínuo aumento de arrecadação uma evidência de que parcela da população reconhece a importância do setor e confia na sua solidez. Resultado: a expansão no ano deve atingir 15%. Dyogo Oliveira cita o reposicionamento da CNseg, em linha com as novas conexões econômica, social e comportamental dos consumidores, como outro fator positivo à expansão. Isso significa maior aproximação com o Governo e demais Poderes, sinergias com as entidades do mercado segurador, diálogo qualificado com órgãos de supervisão, ações de comunicação e educativas, além de diálogo com novos interlocutores nacionais e internacionais para incrementar os negócios.

 

O ajuste fino da comunicação institucional da CNseg está entre essas ações de reposicionamento e inclui destacar o seguro, seus produtos e suas coberturas para que os mais variados públicos tenham uma visão mais assertiva do setor que representa proteção para pessoas, famílias e dos desafios ao longo da vida. Outro destaque citado por ele é a campanha publicitária do setor, no ar desde o final de agosto, para fortalecer e estimular a cultura de seguros no País e desmitificar a ideia de que é um produto caro e disponível para poucos.

 

“Na verdade, o seguro é um serviço essencial a todos, adequado aos mais diversos perfis de pessoas e fundamental em momentos de imprevistos, infortúnios e fatalidades”, assinala. A campanha da CNseg, em parceria com FenaSaúde, FenaPrevi, FenSeg e FenaCap, abriu um espaço para a sociedade entender melhor os produtos e serviços da indústria e, ao mesmo tempo, reforçou seu caráter estratégico. Tanto que, em 2021, o setor devolveu à sociedade quase R$ 400 bilhões em indenizações, pagamento de benefícios e resgates.

 

“De algum modo, a sociedade foi reapresentada a uma indústria diversificada, plural e competitiva; capaz de atendê-la em seus momentos críticos, como de perda de bens, de paralisação de negócios ou da necessidade de atendimento emergencial de saúde”, exemplificou Dyogo, acrescentando à lista os planos de previdência e seus benefícios que asseguram a qualidade de vida dos segurados. AÇÕES RELEVANTES Os encontros setoriais promovidos pela CNseg com os Sindicatos de Seguradoras nos estados, no segundo semestre de 2022, podem ser incluídos também entre as ações relevantes, por detalharem a importância do setor em cada estado.

 

“Ficou claro que, sem o seguro rural, de automóvel ou de cargas ou os produtos de garantias contra inadimplência, entre outras modalidades, o ano seria de extraordinárias perdas para muitas atividades econômicas nos estados, com risco de até inviabilizá-las, não fosse a proteção dada pelas seguradoras”, assinalou. No balanço do ano, Dyogo Oliveira destaca ainda a criação da Iniciativa do Mercado de Seguros (IMS) pelo Governo, com o objetivo de incorporar medidas de fomento à atividade, inclusive algumas das propostas apresentadas aos presidenciáveis para o desenvolvimento do setor.

 

“É um momento histórico, de extraordinária repercussão para o desenvolvimento mais célere do setor”, afirma. Também a continuidade dos investimentos em inovações tecnológicas pelas seguradoras é outro trunfo para a demanda por proteção persistir elevada no próximo ano, mesmo em um cenário de eventual retração do PIB. Sobre o novo Governo, Dyogo Oliveira ressalta que a percepção dos mercados é de que não haverá risco de um ‘cavalo de pau’ nas políticas monetária e fiscal atualmente executadas.

 

“Uma estratégia fiscal consistente a longo prazo acompanhada do aprimoramento continuo dos marcos regulatórios da economia, da simplificação do sistema tributário e do aumento da segurança jurídica são fundamentais para a retomada do crescimento em bases mais sustentáveis”, pontuou. Segundo Dyogo Oliveira, é possível que, nesse quadro mais otimista, a previsão de desaceleração forte do PIB sequer ocorra e que o ano seja fechado com alta de 2%. “Seria um estímulo à expansão de seguros, ao lado da diversificação de produtos e da conquista de parcelas do mercado potencial, dois fatores que continuarão a fazer a arrecadação de prêmios evoluir — seja num ritmo mais acelerado, se a conjuntura contribuir, ou um pouco mais lentamente, se o ciclo econômico não for tão favorável”, pondera. SOLIDEZ E RESILIÊNCIA Presidente do Conselho Diretor da CNseg, Roberto Santos avalia como ponto mais emblemático de 2022 o percentual acumulado em 12 meses até junho, que mais uma vez provou a solidez e a resiliência do setor.

 

A arrecadação do mercado de seguros subiu 9,3% no período e as indenizações pagas triplicaram, na comparação os 12 meses imediatamente anteriores. “Se o recorte for apenas no ano, os números também são proeminentes em relação ao retorno à sociedade em forma de indenizações, benefícios, resgates e sorteios pagos pelas empresas do setor”, observa Santos. Em setembro, o setor de seguros retornou à sociedade mais de R$ 17 bilhões com indenizações, benefícios, resgates e sorteios, 4,5% acima do mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano até setembro, o montante pago foi de R$ 166,3 bilhões, quase 20% a mais sobre igual período de 2021. “Se juntarmos os números da saúde suplementar que, no primeiro semestre de 2022, pagou mais de R$ 110 bilhões, o volume supera R$ 276 bilhões”, menciona Santos.

 

Quanto à arrecadação (sem Saúde e DPVAT), em setembro de 2022, registrou-se avanço na demanda de 24,4% sobre o mesmo mês do ano passado, com R$ 31,8 bilhões. No acumulado do ano, as contribuições em Previdência e o faturamento em Capitalização, por exemplo, já somam R$ 265,1 bilhões, constituindo-se em expressivo avanço de 18,1% comprando-se com o resultado em 2021. Em relação às indenizações, Roberto Santos lembra que somaram R$ 263,7 milhões até setembro, correspondendo a 89,4% acima do acumulado no mesmo período de 2021.

 

“Para o próximo ano, a perspectiva é que o setor de seguros continue ajudando a economia, oferecendo proteção para grandes riscos e para pessoas físicas, como seguro de vida e previdência privada, entre outros”, prevê. Roberto Santos não tem dúvida de que o setor de seguros vem cumprindo seu papel de proteção financeira da sociedade. Apesar da pandemia e da guerra na Europa, o setor de seguros vem mantendo um bom desempenho, e a arrecadação avançou 17,3% nos nove primeiros meses do ano. “Trabalhamos com um cenário positivo para 2023. O setor continuará a avançar nos próximos anos, repetindo um comportamento que historicamente o faz crescer sempre acima do PIB.

 

Claro que esse avanço poderá ser mais acelerado, se a renda e a oferta de empregos no País tiverem recuperação mais acelerada e houver a continuidade da desregulamentação do setor. Mas temos consciência de que esse cenário benigno será construído gradualmente, ainda mais porque temos um quadro externo que deverá ser complexo em 2023. Mas enfrentar desafios está no nosso DNA”, resume Santos. ESCALADA DE CUSTOS, UM FENÔMENO MUNDIAL, DESAFIA A SAÚDE NO BRASIL O ano de 2022 tem sido marcado pela retomada de procedimentos represados durante a pandemia e pelo avanço da retomada de beneficiários da saúde suplementar, que, atualmente, está chegando a 50 milhões de pessoas, um número próximo de recorde histórico.

 

Por outro lado, o setor registrou, de forma inédita, resultado líquido negativo, embora as seguradoras tenham apresentado maior liquidez, como assinala o presidente da FenaSaúde, Manoel Antonio Peres. Também foi observada a retomada da sinistralidade dos planos médico-hospitalares em índices anteriores aos da pandemia, alcançando 91,7% no segundo trimestre. Antonio Peres explica que esse cenário de escalada de custos em saúde é um fenômeno mundial, mas, no Brasil, o controle demonstra- se ainda mais desafiador devido a interferências, como a recente aprovação da Lei 14.454, que estabeleceu novas hipóteses de cobertura de exames ou tratamentos de saúde fora do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

 

ESCALADA DE CUSTOS, UM FENÔMENO MUNDIAL, DESAFIA A SAÚDE NO BRASIL

 

“Essa medida se junta às profundas transformações sociais, econômicas e tecnológicas ocorridas nas últimas décadas, potencialmente impactantes para o setor. Por isso, defendemos a modernização do marco regulatório da saúde suplementar a fim de que ele potencialize a ampliação do acesso de mais pessoas à saúde suplementar”, enfatiza Peres.

 

Dessa forma, a assistência à saúde pelos planos de saúde — “aspiração de tantos brasileiros pela qualidade e abrangência de atendimento” — poderá ser acessível ainda por mais pessoas. Só em 2021, os planos de saúde cobriram mais de 1,6 bilhão de procedimentos, como consultas, internações, exames e atendimentos odontológicos, por exemplo. “A expectativa, portanto, é que 2023 seja um ano ainda mais desafiador para as operadoras de saúde do País, que são constantemente instadas a inovar suas estratégias de comercialização, negociação e gestão do cuidado. Mas, como sempre, responderemos a esse desafio com muito comprometimento e excelência”, antevê Peres.

 

MARCO REGULATÓRIO DO SETOR VAI IMPACTAR PROFUNDAMENTE O SEGMENTO

 

O segmento de seguros gerais também vem experimentando profundas mudanças, como sinaliza o presidente da FenSeg, Antonio Trindade, que englobam a revisão do marco regulatório do setor, implementações do Sandbox e do Open Insurance e intensificação da jornada de transformação digital, que ganhou tração nos últimos anos. As crises econômica e sanitária confirmaram o poder de resiliência do setor, em especial, do segmento de seguros gerais. E as seguradoras, de modo geral, têm se movimentado para ajustar a oferta de produtos e serviços às novas demandas do consumidor. Reflexo disso foi o resultado de algumas carteiras de riscos massificados, como seguro residencial, que, em setembro deste ano, pagou R$ 112,4 milhões em indenizações: 22,9% em relação a 2021.

 

Em nove meses, já foi pago quase R$ 1 bilhão, 39% a mais. Em linha com o reaquecimento da cadeia produtiva do País, em especial o agronegócio e a indústria alimentícia, o seguro de transporte também mostrou fôlego, arrecadando R$ 3,8 bilhões até setembro, aumento de 25%. Antonio Trindade destaca ainda as recentes revisões regulatórias, como a Resolução 407/2021, que distinguiu seguros de grandes riscos de seguros massificados. “O bom diálogo com a Susep abriu um precedente histórico na elaboração e comercialização de contratos de seguros de grandes riscos, dando novo impulso à competitividade, inovação e transparência no segmento”, afirma.

 

O cenário também é animador para o seguro de riscos cibernéticos, aponta Trindade, pois a preocupação com ataques de hackers a sistemas e a entrada em vigor da LGPD contribuem para estimular a demanda pelas apólices desses produtos. Para 2023, com a retomada de grandes obras públicas, a FenSeg aposta no crescimento do seguro garantia, responsabilidade civil e riscos de engenharia, além de grandes riscos. “A expectativa é que o Brasil tenha mais importância na economia global diante das mudanças geopolíticas, com atração de investimentos”, ressalta Trindade. Ele chama a atenção também para a consolidação do seguro de riscos ambientais.

 

“O seguro rural, essencial para a competitividade do País, deverá seguir dependente por algum tempo daos subsídios do Governo Federal para garantir sua sustentabilidade”, prevê. A expectativa é de melhora dos índices de penetração do setor na sociedade. “O seguro auto, por exemplo, apesar de ser o mais popular, alcança 30% da frota brasileira”, avalia.

 

OS DESAFIOS PARA O SETOR DE VIDA E PREVIDÊNCIA

 

O presidente da FenaPrevi, Edson Franco, reconhece que o país passou por um dos momentos mais desafiadores da nossa história e destaca que o segmento de vida e previdência fez parte da solução. “O choque provocado pela crise da Covid-19 não teve precedentes; a velocidade da interrupção da economia causou um impacto muito rápido e duradouro. Soma- -se a isso a extensão e gravidade do conflito na Ucrânia, que ampliaram a incerteza”, assinala ele. Ele observa que os seguros de pessoas e a previdência privada possuem comportamento pró-cíclico, dependendo da renda e emprego.

 

“Hoje, o Brasil tem 9,7 milhões de desempregados, a renda média do trabalho é R$ 2.713, nível similar ao de 2016. Além disso, entre os ocupados, 40 milhões são informais. A inflação elevada reduz a capacidade de poupança das famílias, isso significa que uma grande parcela da população vive à margem da proteção propiciada pelos seguros e pela previdência, e explica, em parte, a baixa penetração: 8% possuem previdência privada e 17% têm seguro de vida”, constata ele. A esse cenário, soma-se o demográfico, em que 27% da população tem mais de 50 anos. Em 2053, espera-se que sejam 100 milhões de pessoas.

 

“Urge, portanto, fomentar a cultura previdenciária e securitária. Temos desafios, mas, também, um enorme potencial pela frente”, declara Edson Franco. Não obstante a baixa penetração e os desafios enfrentados, até setembro deste ano, o setor de previdência privada aberta arrecadou mais de R$115 bilhões, 15% superior ao arrecadado no mesmo período do ano anterior. Em 2021, foram pagos R$103 bi em resgates, aumento significativo em relação aos anos anteriores à pandemia, evidenciando que a importância da previdência privada vai muito além da proteção na aposentadoria. No segmento de seguros de pessoas, o montante pago atingiu R$11 bi nos nove meses do ano.

 

Mais de 188 mil famílias foram assistidas por mortes decorrentes da Covid-19 desde o início da pandemia, tendo sido pagos R$ 7 bi em benefícios. A seu ver, superado o momento crítico da pandemia, “em que nossa atuação foi fundamental, nos debruçamos nos desafios da longevidade, o que exige repensar as formas de sustentação econômica, com especial ênfase para o mercado de trabalho, previdência social e saúde pública.” Neste ano, foi estabelecido o novo marco regulatório das coberturas de risco dos seguros de pessoas.

 

A FenaPrevi aguarda as novas normas das coberturas por sobrevivência, com a incorporação de pleitos apresentados à Susep, dentre os quais, a proposta voltada para o desenvolvimento do mercado de rendas. Também é necessário regulamentar o seguro de Vida Universal, permitindo que seja oferecido no Brasil esse seguro, que é tão exitoso em outros países.

 

SUSTENTABILIDADE DO SEGMENTO PASSA PELA APROXIMAÇÃO COM O CLIENTE

 

Os títulos de capitalização também acompanharam o desempenho resiliente de todo o setor de seguros ao longo do ano. De janeiro a setembro, o segmento faturou R$ 21 bilhões, crescimento de 17% na comparação com igual período em 2021. Os pagamentos de sorteios e resgates somaram R$ 16,3 bilhões, evolução de 8,5%. Só os repasses a entidades filantrópicas somaram mais de R$1,1bilhão, por exemplo.

 

Já a capitalização líquida chegou a R$ 5,8 bilhões até setembro, o que corresponde a aumento de 50,2% em relação a 2021. Sobrevivendo a crises econômicas ao longo de 90 anos de existência no País e reinventando-se continuamente para servir à sociedade como ferramenta de segurança financeira e social, a capitalização está preparada para os novos tempos que se avizinham, garante o presidente da FenaCap, Denis Morais.

 

“O desempenho do segmento tem sido uniforme ao longo deste ano, com resultados positivos em todos os estados. O que nos leva a projetar evolução de dois dígitos no ano”, pontua. Esse desempenho é a consolidação das ações implementadas pelo setor nos últimos anos, que fez com que os brasileiros tivessem mais ciência da importância dos títulos como instrumento de reserva de valor, disciplina financeira e mecanismo de garantia, seja para os momentos de emergência, ações sociais e comerciais, ou para transformar sonhos em realidade.

 

“Diversificamos produtos, canais, meios de pagamento, condições de preço, prazo, volumes e valores de sorteios. Afinal, com os avanços regulatórios, o setor deixou de ter praticamente uma única opção de produto para se transformar em um segmento capaz de criar outros modelos de negócios que se acoplam a diversos segmentos da economia. Atuamos com produtos em garantia de aluguel, filantropia e ações de marketing voltadas à retenção de clientes, só para citar alguns exemplos”, pondera o presidente da FenaCap.

 

Além da capacidade de se adaptar às necessidades dos negócios, com produtos voltados para pessoas físicas ou jurídicas e com valores acessíveis a todos os bolsos, há ainda o aspecto lúdico dos sorteios, um “grande atrativo aos brasileiros”, avalia Morais. “É este cenário positivo que levaremos para 2023. Aprimorar os mecanismos de aproximação com o cliente e oferecer soluções mais ágeis e completas serão determinantes para a sustentabilidade do mercado e para atender aos consumidores do futuro”, conclui.